ROCHESTER, Minnesota — Pessoas com uma superabundância de glóbulos brancos clonados, ou linfócitos, que prejudicam o seu sistema imunológico — uma condição chamada linfocitose monoclonal de células B (LMB) — podem apresentar um risco elevado de desenvolver várias complicações de saúde, incluindo o melanoma, uma forma de câncer de pele. As descobertas dos pesquisadores da Mayo Clinic estão publicadas em um novo artigo no Journal of Clinical Oncology.

Pessoas com LMB se situam em um espectro que vai desde uma baixa quantidade até uma alta quantidade desses linfócitos disfuncionais. Muitas delas não apresentam sintomas. Pesquisas anteriores mostraram que a LMB é precursora de um tipo de câncer de sangue e de medula óssea conhecido como leucemia linfocítica crônica (LLC). Pessoas com LLC também apresentam um aumento do risco de melanoma.

"Nosso estudo é o primeiro a mostrar que as pessoas com este estágio pré-canceroso de LMB têm um aumento de 92% do risco de desenvolver melanoma. O risco de melanoma é semelhante ao que vemos entre pessoas com leucemia linfocítica crônica", diz a PhD Susan Slager, pesquisadora do Centro Oncológico Integral da Mayo Clinic e autora sênior do estudo.

Os resultados sugerem que ter LMB, mesmo em níveis baixos, pode servir como um sinal biológico, ou biomarcador, para a detecção precoce do melanoma, que, por sua vez, vem aumentando ao redor do mundo.

A Dra. Slager e sua equipe de pesquisadores têm estudado a maior coorte disponível de indivíduos — mais de 7.000 pessoas foram examinadas para a detecção da LMB através do Biobanco da Mayo Clinic. Os pesquisadores agora acompanham esses indivíduos há cerca de quatro anos e estão encontrando uma coleção de diagnósticos potencialmente relacionados entre aqueles que tiveram resultado positivo para MBL.

Além do aumento do risco de melanoma, pesquisadores descobriram que as pessoas com LMB também apresentavam um maior risco de câncer originário do sistema linfático e de hospitalização devido a infecções graves, inclusive devido à COVID-19.

"Anteriormente, os cientistas consideravam a LMB apenas como uma parte do processo de envelhecimento. O que estamos vendo, no entanto, é que há consequências clínicas ao se ter LMB — contrair infecções graves e desenvolver melanoma são algumas delas", explica a Dra. Slager.

Os avanços tecnológicos fornecem um olhar mais atento

Os avanços na citometria de fluxo, uma tecnologia de alta resolução que permite aos pesquisadores olhar para as células do sangue e identificar as suas diversas características físicas, ajudaram a impulsionar esta pesquisa. Médicos e pesquisadores agora podem identificar pessoas com LMB, precursora da LLC, com mais facilidade.

Pessoas com LLC têm um número muito elevado destes linfócitos circulantes idênticos: mais de 5.000 linfócitos por microlitro. (Um microlitro é cerca de 1/50 de uma gota de sangue). Isso é comparado a uma pessoa com LMB que normalmente possui 1-5 desses linfócitos circulantes por microlitro de sangue. Através de uma citometria de fluxo mais sensível, os cientistas podem diagnosticar as pessoas mais cedo, quando seus níveis ainda estão baixos.

"O risco de melanoma parece ser o mesmo, não importa quantos desses linfócitos clonados estejam no sangue, o que sugere que ter apenas uma população clonal desses linfócitos — ou seja, ter LMB — aumenta o risco de se ter melanoma", explica ela.

Pacientes com LLC são encorajados a realizar exames anuais de câncer de pele por um dermatologista e a proteger sua pele da exposição solar para prevenir o melanoma.

"Nossas descobertas sugerem que as pessoas com o estágio precursor de LMB também devem ser mais diligentes em seguir as diretrizes estabelecidas para a prevenção do câncer de pele, incluindo, por exemplo, o uso de protetor solar e roupas de proteção", explica a Dra. Slager.

Próximos passos

Uma das questões que a equipe da Dra. Slager planeja explorar a seguir é se há uma sobreposição genética entre LMB, LLC e melanoma. Uma hipótese é que herdar uma variante genética que aumenta o risco de desenvolver LMB e LLC também pode aumentar o risco de se ter melanoma.

Outra área que os pesquisadores estão pesquisando é se a LMB impacta o resultado clínico entre pessoas com melanoma, incluindo se ter tanto LMB quanto melanoma reduz a sobrevida geral ou afeta a resposta de uma pessoa à terapia. 

Reveja o estudo para uma lista completa dos autores, divulgações e financiamento.

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